terça-feira, 3 de novembro de 2009

SORVETES

O gostinho que fica na memória
Os sorvetes e picolés Fri-Sabor unem tradição e inovação para quem quer dar um toque doce e refrescante aos dias quentes do Recife

Por Maria Cláudia de Paula

A receita é um segredo, os sabores são os mais variados possíveis, o preço é justo: há pouco mais de 50 anos os sorvetes Fri-Sabor estão incorporados entre as delícias típicas de Pernambuco.
Em 1957, o Sr. José de Matos e sua esposa começaram a fabricar e vender os sorvetes numa pequena casa no bairro da Boa Vista. Em pouco tempo, a Fri-Sabor se tornou a sorveteria mais tradicional do Recife e é um sucesso de público até os dias de hoje. No ano passado, o Grupo Petribú, conhecido pela produção de açúcar no Estado, comprou a empresa, mas optou por manter a mesma linha de produção (bom para o público!). O gosto tão característico não mudou nada, até porque o sorveteiro Seu Lula continua lá. Foi o pai de Seu Lula quem criou os primeiros sabores da Fri-Sabor e passou a receita ao filho, que hoje fabrica em torno de 40 tipos da sobremesa.


O grande diferencial dos sorvetes Fri-Sabor é a grande variedade de sabores, muitas vezes inusitados, que a marca produz. Mas, a receita é mantida em segredo. “Não usamos polpas de frutas, a receita é basicamente água, frutas e o nosso toque especial” afirma o gerente das lojas, Herbert Teixeira.

Quem gosta de frutas e comidas regionais é contemplado com sorvetes de goiaba, mangaba, cupuaçu, graviola e até mesmo de tapioca. Mas, o queridinho do público é o de coco, que mistura leite de coco, leite e pedacinhos da carne do coco ralada, uma delícia! Cada bola de qualquer sorvete custa R$3,00.

Os picolés da casa também são muito pedidos. O preço varia entre R$1,25 e R$1,50 e os sabores disponíveis são: morango, amendoim, cajá, chocolate, coco, graviola e saia e blusa (chocolate com baunilha). Entre eles, o destaque nas vendas é o de morango. O interessante sobre o picolé de morango da Fri-Sabor é que ele aguça logo na primeira mordida minha memória gustativa. É a mesma sensação que Anton Ego, o crítico gastronômico do filme Ratatuille, sente ao provar o prato feito pelo ratinho Remy, que é uma referencia a situação vivida pelo escritor frances Marcel Proust, quando um gole de chá foi capaz de transportar o escritor aos principais momentos de sua infância. No meu caso, o picolé de morango me leva à praia de Boa Viagem dos anos 90, lembro da alegria que era quando aqueles carrinhos arredondados cheios de picolés chegavam perto do guarda sol da minha família. Eu parava qualquer brincadeira e além de pedir um de morango, sempre queria tocar o sininho do vendedor. Definitivamente, o picolé de morango da Fri-Sabor tem gosto de infância! Mas, tenho que confessar que hoje em dia me incomoda a quantidade de corante vermelho que é colocado no produto. A sensação que fica na boca após comer o sorvete não é mais tão agradável.

Para quem pensa que já conhece todos os gostinhos da marca, a empresa criou uma regra: novos sabores devem sempre ser acrescentados ao cardápio. De 2008 pra cá, toques italianos foram introduzidos nos sabores: amarena (cereja italiana), gianduia, stracciatella (flocos italiano), frutas do bosque (frutas vermelhas) e cookies.

O sorvete de frutas do bosque é simplesmente incrível! Com morango, amora e pedacinhos de uva do monte, a sobremesa agrada, sem dúvidas, todos os amantes das frutas vermelhas. O cliente pode escolher tomá-lo no casquinho, ou copinho e a apresentação é impecável. Mas, o cliente não pode dar bobeira, tem que tomar logo o sorvete, pois ele não demora muito para começar a derreter. A opção é uma ótima pedida para esfriar as tardes quentes do verão recifense!

A Fri-Sabor possui hoje duas lojas próprias: a fábrica e a loja mais antiga ficam na Rua Visconde Goiana, 434, Boa Vista e uma outra atende ao público de Boa Viagem, dentro da Praça de Alimentação do Carrefour da Rua Francisco da Cunha, 919. Existem pontos de revendas em vários bairros do Recife, Ipojuca e Gravatá. O projeto da nova administração é de daqui para o fim de 2010 abrir mais 17 lojas em diferentes bairros do Recife, com o objetivo de resgatar a tradição das sorveterias de bairro como opção de lazer para as famílias.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A China das Boas Mulheres - por Laura Gallindo


Uma coisa é ler As Boas Mulheres da China como ser humano, outra enquanto mulher. Inominável quando se é os dois. Os relatos transcritos pela coragem e sensibilidade da jornalista chinesa, Xiran, incomodam, assombram, desenterram de uma revolução não suas vitórias ou os seus belos trajes ideológicos, mas sim os pecados de homens que morreram sem conhecer as suas rosas. Estas foram as mulheres chinesas, que durante a Revolução Cultural ficaram à margem até dos males que os tempos de guerra trazem. Elas não alcançaram nem o sofrimento cabível ao corpo, pois este nunca as pertenceu. Foram mulheres sem brio, sem feminilidade, sem alegria. Diria até, sem pátria.
São as chinesas da década de 90, nossas contemporâneas, aquelas que ainda (sobre)vivem nesse mesmo mundo onde homens já foram à lua e cientistas usam partículas invisíveis a olho nu para fazer explodir cidades inteiras. Da lua fica o brilho e das invisíveis partículas a guerra, uma rotina para essas mulheres, que vivem do carinho de uma mosca, do medo de um marido ou do seu próprio corpo, do seu sexo, que lhes pode ser expropriado como suporte para o infame prazer dos ‘‘machos’’ imberbes de uma revolução forjada.
É impossível não comungar do sentimento desesperador que rasgou a alma dessas mulheres que chegaram a conhecer ‘‘dias dourados’’, quando a dor ainda não era anunciada e acreditava-se na paixão entre adolescentes. De Nanquim para o mundo, usando o rádio, Xiran viveu por uma missão que até Cartola duvidou: fazer as rosas falarem. E o mundo calar enquanto elas choram lágrimas tardiamente derramadas, mas que exalam um perfume que anuncia o fim de uma década nefasta.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Every time Chico says goodbye - Por Laura Gallindo


Chico Buarque não é o queridinho do Brasil por tantas gerações à toa. Ele é o sincretismo da vivacidade e das mazelas do povo transformadas em uma boemia gostosa de se ouvir. Seu olhar é de uma anilina clara que percorre a história do país cantando o seu cotidiano. O nosso Chico, várias vezes campeão de futebol de botão e, já aos oito, criador de marchinhas de Carnaval, foi o mesmo que se esgueirou pela mão de ferro do ditador Médici com a sua própria filha a tiracolo na lira de sua composição ‘‘Indisponível’’:

‘‘Mais vale uma filha na mão
Do que dois pais voando
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta’’

A mesma irreverência com que mestre Buarque disfarçado com nome de ''super-herói'', Jorge Maravilha, para burlar a censura, tratou a ditadura militar, ele usou para entender as crianças que ‘‘ensaiavam o rock para as matinês’’. Mas para Chico ''era fatal que o faz-de-conta terminasse assim'' e logo seu lirismo desvairava-se a perguntar ‘‘O que é que a vida vai fazer de mim? ’’ Essa e tantas outras perguntas ficaram no ar. Ele nunca entrava no tom piegas da lamentação respondida. Estava era ocupado puxando o enredo da Mangueira. Porque Chico é Brasil, cabreiro, poeta, múltiplo, mudo, único.

Felipe Haeckel, um amigo e fã de Chico Buarque, me suscitou esse texto quando falou que a música que Chico diz, em um documentário, ser a sua preferida: ‘‘Everytime We Say Googbye’’ de Cole Porter (http://www.youtube.com/watch?v=9GdwZL2Bx8c), não se compara às músicas dele próprio que também falam de despedida. Porque quando é o tom romântico que seu Chico traja, não há quem resista aos versos gentis de ''Futuros Amantes''...

‘‘Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar’’
Veja no vídeo ele contando como compos essa música.

É a compreensão que Chico faz do homem que o coloca como líder de uma geração que reluta em falar de amor. E, ainda nas palavras de Felipe Haeckel, a despedida para Chico se eterniza no reencontro cantado de ''ex-futuros amantes'', como em ‘‘Todo Sentimento’’:

‘‘Depois de te perder
te encontro com certeza
talvez num tempo da delicadeza
onde não diremos nada
nada aconteceu
apenas seguirei como encantado ao lado teu"

Quando se ouve Chico Buarque de Hollanda a vontade que se tem é de fazer samba e amor até mais tarde, a palavra cala e o caos da vida fica mole como um acorde de samba sem pressa, como a menina e o rapaz que se reconhecem em uma canção do tipo ''Samba e Amor''...

''Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade. Que alarde!
Será que é tão difícil amanhecer?
Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã''
Nessa brincadeira de colocar trechos das músicas, só acabaria esse texto quando tantos outros fossem citados. Mas como isso é um blog e não um guia de Chico Buarque de Hollanda (não é má idéia. Já tenho até sócio, não é Felipe?) conterei meu entusiamo. Só não suportaria acabar sem citar minha música preferida, que incansavelmente escuto e perco a noção da hora, como bem sabe Chico, ‘‘Eu Te Amo’’:

‘‘Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir’’
''Eu Te Amo'' - Chico Buarque, Tom Jobim e Telma Costa

Pois é, meus caros, por essas e outras que every time chico says good bye... i die a little.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

TeVê - Por Gabriela Valente

Hoje resolvi dissertar sobre a TV. Iria render muito, se eu quisesse abordar o poder social que ela representa, lembrando que ela está presente em 98% dos lares brasileiros e que no mundo existe uma telinha para cada cinco habitantes. Mas estou aqui para falar brevemente sobre o próprio meio, depois que ouvi a frase do sábio McLuhan que disse o seguinte: “o meio é a mensagem”. O que ele quis dizer com isso?

Quem nunca se viu diante da TV completamente estático, fora do mundo? Acontece até de alguém falar com a gente e nós não nos apercebermos, e isso não acontece com nenhum outro meio (talvez com a internet). Quem nunca chegou em casa e ligou a TV só pra não se sentir só? Pois é, a Tv ao mesmo tempo em que nos faz companhia, ela nos hipnotiza, e como o Spielberg tratou em seu filme Poltergeist, a metáfora que a TV engolia a criança, nós de fato entramos de cabeça nesse meio.


Com isso, conclui-se que assistimos ao meio e não propriamente ao conteúdo. De acordo com o meio, a mensagem adquire sentidos diferentes, ainda que estejamos falando do mesmo assunto. Hoje, vive-se um grande “boom” de mídias: TV, rádio, jornal impresso, internet, cinema, etc. E mais, essas mídias todas agora entram em processo de convergência. E o que preocupa no que se refere à TV é que olhamos para ela muito de fora, escutamos distraidamente, deslizamos sobre as imagens, saltamos de canal e canal, e com isso não vemos o que passa na TV, mas na verdade o que fazemos é pura e simplesmente ver TV.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A volta dos que não foram - Por Gabriela Valente


Hoje eu descobri porque muita gente não se interessa pelo cinema nacional (meu caso por certo tempo). É que aqui no Brasil, os filmes se preocupam com a realidade social do país, e não apenas em produzir filmes para a exportação. E isso choca, porque estamos todos acostumados ao bombardeamento vindo de Hollywood, com aquela fórmula pronta que todo mundo conhece (apesar de o maior produtor de filmes do mundo ser a Índia, mas não vou voltar ao assunto do meu texto anterior). Inegável que os americanos saem na frente quando o quesito é chamar atenção com as milionárias megaproduções.


Participei de uma palestra com o cineasta e diretor Paulo Caldas, ano passado, que disse que 78% da programação dos cinemas do país se dedica a filmes estrangeiros, enquanto que na TV esse número é ainda mais absurdo: 96%. Ele ainda disse que dos 50 filmes brasileiros produzidos por ano, em média, apenas 30 são exibidos nos cinemas. No meu ponto de vista, muito desses filmes não são o protótipo de vídeos reproduzidos nos multiplex. Aqueles da Globo Filmes até que ganham espaço e repercutem (Os Normais, A Grande Família, Casseta e Planeta), mas aí estamos falando da Rede Globo. Merchandising nas novelas, revistas de todo o país cobrindo os mega lançamentos cheios de globais, etc. Fica realmente difícil que as produções independentes prevaleçam. Mas vemos que existe sim uma curiosidade das pessoas pelos filmes autorais. Não é à toa que o Cine PE lota todos os dias do evento.


Pensando agora por alto consigo dizer o nome de excelentes cineastas do país: Caca Diegues, José Padilha, Guel Arraes, João Moreira Salles, Jorge Furtado. Dentre todos esses, eu admiro muito o cinema de Padilha. Mais do que o fenômeno nacional, Tropa de Elite, o filme Ônibus 174 foi um dos melhores que vi nos últimos tempos. Uma brilhante análise da realidade social do país tendo como base o famoso seqüestro de um ônibus no Rio de Janeiro. Também não posso deixar de destacar O Auto da Compadecida, adaptado de teatro para cinema por Guel Arraes. Se eu disser que é um clássico, estarei subestimando.


Enfim, o que quero dizer é que o cinema brasileiro significa muito mais do que qualquer outro cinema para nós. Ele é o mais antropológico, o mais político, é fonte infinita do que achamos de nós mesmos e da nossa história que estamos continuamente construindo. Como diz a frase: “um país sem cinema é como uma casa sem espelhos”. E por que não gostar de cinema brasileiro? São tantos argumentos e os mesmo já se parecem tanto que para o discurso sobram redundâncias.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Português X Politiquês - Por Laura Gallindo

Em uma coletiva de imprensa uma jornalista perguntou a um pré-candidato a prefeito o que ele iria fazer caso fosse eleito. A resposta ressoou nos bastidores de um estúdio onde um outro pré-candidato repassava o texto para gravar um comercial. Não muito diferentes são os discursos arquivados em décadas de eleições e campanhas políticas. O português ganhou um novo dialeto falado exclusivamente pelos ‘‘Tupiniquins do Planalto’’.


Palanques ouvem incessantemente as inúmeras possibilidades sinonímias da língua portuguesa. Sai o ‘‘Pernambuco segue em frente’’ e entra o ‘‘Avança Pernambuco’’ que logo é substituído pelo ‘‘É tempo de mudança’. Os ouvidos atentos do povo procuram as sutilezas que diferenciam as propostas desses adversários-irmãos. O que mais lhe interessa? Um parece que vai desenvolver o estado através da educação para todos, outro através da melhoria do serviço de saúde pública e mais um que diz acabar com a violência no estado.


Não faltam promessas tentadoras que brincam com o imaginário popular. Os políticos lidam com o que de mais perene há em um homem: a esperança. Esta é renovada a cada dois anos com o recomeço de mais um período eleitoral e de promessas vindas de uma linguagem redonda, rebuscada e vazia. É fácil um analfabeto perder-se nesse politiquês desvairado que invade as ruas descalças de seu bairro profetando urbanização.


O que o senhor acha da violência? E José escuta: ‘‘Números exorbitantes. É preciso salientar a importância de estar revitalizando a força humana que gerencia o controle à violência. Estarei priorizando essa questão no decorrer do meu mandato.’’ Fico me perguntando se ele não poderia ter usado menos gerúndio. Talvez José tenha esboçado uma cara de aparvalhado que foi logo clicada pela assessoria do candidato. A legenda da foto será: ‘‘eleitor se impressiona com a proposta de combate a violência’’. José realmente impressionara-se. Após tão bela ordenação de palavras ele ainda não tinha chegado à conclusão sobre o que iria ser feito para reduzir os homicídios dos quais muitos de seus amigos já foram vítimas.


No Brasil dos contrastes o que falta a muitos dos nossos governantes e políticos é a desintoxicação de uma linguagem viciada em pompismos. O discurso não pode ter cara de gravata ou sorriso alinhado. Fala oca não mata fome nem educa o povo. Já está na hora dos nossos representantes ‘’descerem do planalto’’ e encararem a gramática da realidade brasileira.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Do you speak english? - Por Gabriela Valente

Sempre parei para pensar como a cultura norte-americana se espalhou pelo mundo. Ignorância talvez pensar: “por que eles?”, uma vez que é bem claro o fato de a cultura estar bastante ligada à globalização, ao capitalismo, que juntos trazem o poder. Não sabemos o que se produz, por exemplo, na China, no Japão, ou na Itália. Sabemos sim, muito bem tudo o que se produz nos EUA e um pouco na Inglaterra, mas aí por conta da língua inglesa.

Às vezes a cultura de fora nos parece melhor. Não que ela seja, mas parece, uma vez que já estamos acostumados a ela. Assim, copiamos estilos de vida que são usados como símbolos de modernidade e contemporaneidade. Vamos para as boates dançar, extravasar as energias, e para isso escutamos a música techno. Mas aqui no Brasil, temos ritmos tão dançantes quanto, tão energizantes quanto. Falar inglês e se inserir nessa cultura é como se fosse o sinônimo de uma garantia de que estamos dentro de uma expansão em nível global. Cantores como os Scorpions, que são alemães, ganharam a vida cantando em inglês. O U2 é um grupo irlandês que também se utiliza do inglês. Até a colombiana Shakira desistiu do seu espanhol e entrou na onda do verb to be. E quem é que hoje não conhece suas músicas?


Ao contrário do alemão, do russo ou do japonês, a língua inglesa é eficaz como elemento de comunicação de massa. Estruturas fáceis, gramática simples e a tendência a usar palavras mais curtas e sentenças mais objetivas e concisas, são vantajosas para a difusão da cultura de massa americana. Mas eu vivo me perguntando: o que é de fato a cultura americana (tirando fast foods, Disneylândia e hollywood), que aos meus olhos parecem um tanto vazios? Me questiono também se a cultura americana é de fato americana. Chego à conclusão que acabamos por viver na falsa ilusão de que os Estados Unidos transformam o mundo em uma réplica deles, enquanto que eles sim que são uma réplica do mundo. Mas ele é tanto consumidor de influências artísticas estrangeiras quanto um modelador de gostos e entretenimento no mundo todo.


O que acho um barato aqui no Brasil é o “abrasileiramento” que fazemos dos elementos de culturas estrangeiras. Aqui comemos sushi frito e pizza de banana com canela. E as raves, que são por excelência festas internacionais onde as pessoas aproveitam para aliar o ecstasy à música eletrônica (dito pelos usuários como a combinação perfeita), aqui no Brasil o pessoal fica na velha e boa cerveijinha. Mas poxa, cerveja combina com o nosso samba!!


É com esses pequenos elementos que nos distanciamos um pouco dessa obsessão de cultura global. Não é que ela me apavore, até porque eu também faço parte do bolo que já está imerso nela. O que me dá arrepio é pensar em uma tendência à uniformização cultural e ao esquecimento do que temos para mostrar de diferente, de novo, que é o que de fato importa.